sábado, 16 de agosto de 2008

SÉRIE GRANDES FOTÓGRAFOS PARTE III

Sebastião Salgado

O brasileiro Sebastião Salgado é um dos repórteres fotográficos contemporâneos mais respeitados no mundo. Foi nomeado Representante Especial da Unicef em 2001, dedicou-se a fotografar as vidas dos deserdados do mundo. Esse trabalho está documentado em 10 livros e muitas exposições que lhe valeram a maioria dos prêmios de fotografia em todo o mundo. "Desejo que cada pessoa que entra numa das minhas exposições seja, ao sair, uma pessoa diferente.", comenta Sebastião Salgado.
Fotógrafo reconhecido internacionalmente e adepto da tradição da "fotografia engajada", ele recebeu praticamente todos os principais prêmios de fotografia do mundo como reconhecimento por seu trabalho. Em 1994 fundou sua própria agência de notícias, a Imagens da Amazônia, que representa o fotógrafo e seu trabalho.




















7 comentários:

Marcos Vieira disse...

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado fez críticas à posição de indiferença que a maior parte do mundo tem com relação aos países africanos. "Não podemos abandonar um continente inteiro como é o caso da África", disse em uma palestra aos participantes do 3° Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, nesta tarde.
Salgado lembrou da fome, das doenças e das guerras que há décadas marcam o povo africano. No caso específico de Ruanda, Salgado citou a forma equivocada como a agricultura é conduzida. A produção de café, segundo o fotógrafo, é vendida por preços em declínio "eternamente". "O que acontece lá é de uma irracionalidade terrível. Os produtores familiares, como no Brasil, pagam para trabalhar. Pagam com a vida, com a dignidade", disse, sendo muito aplaudido. Salgado disse ainda que esse é um dos motivos que provocam guerras no continente. "A guerra nesses países não é étnica como dizem, é uma questão econômica".

Sobre o Brasil, o fotógrafo criticou a má distribuição de renda e sugeriu que se abra um amplo debate sobre o tema. "Estamos no segundo lugar em termos de concentração de terras. Perdemos apenas para o Paraguai, onde muitos latifundiários são brasileiros", advertiu. O agrobusiness nacional também foi alvo de críticas. "É uma forma de produção que gera lucros para um modelo econômico deformado", disse, referindo-se ao neoliberalismo.

Em sua palestra, Sebastião Salgado lembrou de suas diversas viagens pelo mundo e de seus trabalhos de fotografia social, realizados sob forma de grandes reportagens ou de livros já publicados. Antes e depois de falar ao público, Salgado exibiu fotos dos projetos "Êxodos", "Trabalhadores", "Outras Américas".


Redação Terra

Marcos Vieira disse...

Fotografia é arte?

Nos últimos 2 anos em que estive mais envolvida com as artes plásticas, tenho ouvido à exaustão o desabafo de fotógrafos de carreira que se indignam pela falta de qualidade e pelos preços altos de fotografias feitas por artista plásticos e que, segundo eles, contém baixíssimo valor fotográfico mas têm maior espaço no ambiente das exposições. Queixam-se principalmente do desprezo à técnica e à artesania do meio fotográfico, da pretensão decorrente da falta de experiência, e da falta de conhecimento de um meio que, até bem pouco tempo, desenvolvia-se paralelamente aos meios tradicionais (pintura, escultura) e faziam parte de um mercado marginal, não reconhecido plenamente como arte.

Para a grande ironia do destino, nos últimos anos isso têm mudado drasticamente. Praticamente tudo o que se vê nas exposições de arte contemporânea no Brasil e no mundo é a ostentação da fotografia como mídia principal das obras. A pintura, soberana por tantos séculos, caiu na marginalidade a ponto de alguns artistas jovens começarem suas declarações com a frase "quando eu pintava..." (pasmem!) Hoje, pintar é considerado pelos conceitualistas e tecnologistas como algo arcaico e conservador, um hobby de senhoras idosas que substituem o afeto pela pintura e o fazem mediocremente. Só que são justamente essas pessoas imediatistas que são ignorantes do fato que a pintura ainda se faz presente e forte em outras partes do mundo.

Mas isso é assunto para outro post, estava falando da fotografia "ruim" que a gente vê por aí.

Meu marido é fotógrafo, e muitos de nossos amigos mais próximos também são. A grande maioria deles provém do meio fotojornalístico e não tem formação artística acadêmica (o que no fundo não é também nenhum problema). Com o recrudescimento do mercado editorial, muitos deles estão optando por iniciar uma carreira com seus trabalhos autorais, e assim, em meio de carreira, deparam-se com o meio das artes plásticas e suas vicissitudes de mercado em relação à fotografia. Se antes para eles a fotografia pura e clássica, a "apreensão do momento" e a vivência da foto-notícia eram o que determinavam o trabalho, agora todos têm que aprender questões das artes plásticas (que são universais) e inseri-las na fotografia para tornar o seu trabalho autoral crível de acordo com novos termos. Questões de escala, desenvolvimento de uma poética, técnicas de instalação, experimentação com novos elementos, começam a entrar na vida dos projetos. Neste novo ambiente, o tom de crítica é completamente diferente do mercado editorial e publicitário, porque vem com outras exigências, e exigências um tanto rígidas. Enfim, é como se mudassem de profissão sem ter que mudar o equipamento.

O que me cansa nesse debate se fotografia é ou não é arte é que acho que isso é uma questão ultrapassada. Na última Arco 2004, grande feira de arte mundial onde são exibidos trabalhos dos artistas representados por centenas de galerias, a fotografia reina absoluta como meio mais utilizado. E não é só na arte que se vê isso, a fotografia está em todo o ambiente urbano por meio da publicidade, nos jornais, revistas, da televisão e do cinema, em suma, a presença plástica mais unânime e mais globalizada é sem dúvida a fotografia. E por isso mesmo não entendo porque os fotógrafos ainda têm uma grande dor-de-cotovelo em relação ao "state of affairs" da arte contemporânea. Nós pintores é que devíamos estar revoltados por termos sidos dessacralizados pela tecnologia, ainda que ainda sejamos valorizados no mercado de arte. Mas nem só de mercado vive a arte, existe um fenômeno claro que nos leva à fotografia e ao vídeo, e cada vez mais a arte transgênica, net-art, e outros gêneros híbridos cuja presença não podemos negar. O pensador ou artista que negar este fenômeno no futuro corre o risco de ficar no lado obscuro da história. Mas a fotografia, nesse sentido, só apresenta vantagens! É o meio mais maleável e mais instantâneo que existe. É impossível que a fotografia "fique para trás".

Então acho que esse questionamento da fotografia ser arte ou não é cansativo e improdutivo. E esse questionamento sempre parte de um fotógrafo. Os artistas plásticos são muito mais tolerantes nessa questão porque têm uma postura inclusivista e não exclusivista da arte como um todo e de todas as suas possibilidades.

Imaginemos a situação inversa. Por alguma razão, todos os fotógrafos largam a fotografia e resolvem fazer pintura. O que acontece naturalmente é que a pintura vai sofrer uma mudança radical pois os fotógrafos vão trazer novos inputs. Os pintores inicialmente vão espernear, xingar, chamá-los de ignorantes e iconoclastas, mas depois de um tempo se apropriariam dessa nova estética para daí iniciar um debate sobre uma nova pintura. É, a recíproca é verdadeira....

Talvez, o que falta aos fotógrafos é darem uma "resposta" a essa nova fotografia aparentemente "ruim" e "mal-feita" e dialogar com ela. Uma crítica sobre a Arco 2004 diz: "...mi mayor duda es si esta eclosión de obras sobre soportes fotográficos supone un mayor conocimiento y respeto por el medio fotográfico. Una cosa es usar la facilidad actual que da la tecnología fotográfica para obtener imágenes a gran tamaño y otra hacer fotografías interesantes. Muchos artistas que nunca se habían planteado usar este medio, y que no conocen mínimamente la historia de la Fotografía, descubren un día que no necesitan mancharse las manos con pigmentos y óleos, sólamente con una pequeña camara digital pueden generar archivos que bien impresos en una ampliadora tipo Lambda pueden llegar hasta tamaños similares a los de sus lienzos... ¡y con mucho menos esfuerzo!.l problema de fondo es que al desconocer la historia del medio nos pretenden vender ideas e imágenes que estaban ya más que superadas.

Sim, pelo desconhecimento do meio pode-se chegar a conclusões e resultados comuns, ultrapassados, repetindo o passado e caindo no nada. Então, peço para os fotógrafos que nos elucidem ou nos mostrem os próximos passos da fotografia, que nos ensinem a olhar a fotografia como ela deve ser vista, o que faz de uma foto um boa foto e o que faz uma foto ser ruim. Melhor do que isso, nos mostrem trabalhos que realmente exemplifiquem a sua revolta sem botar a culpa no photoshop ou no artista plástico oportunista que fez uma foto "nas calças".

O que me parece é que a revolta dos fotógrafos parece uma questão de gueto. É necessário que se abra um debate sério sobre os rumos da fotografia para que possamos prosseguir com o andamento da arte e seus maravilhosos desdobramentos e descobertas.

Eu particularmente adoro fotografia, e mesmo não tendo formação em fotografia (sou formada em desenho) não abro mão da possibilidade de usar a fotografia como bem entendo. É claro que o meu desejo é sempre fazer trabalhos com a maior qualidade possível. E por justamente não saber fotografar direito ou com propriedade é que me aproprio dela ou corto em pedacinhos para depois fazer uma pintura que se baseia em fotografia, mas que no fundo é um debate meu com a pintura num momento em que a pintura não precisa mais de tinta para ser feita.

E vocês, o que acham? é arte ou não é? ( parece até coisa de Chacrinha....)

Link relacionado: FotoCultura

Marcos Vieira disse...

A intermediação do olhar


Por Sidênia Freire*
Qual seria o alvo maior dos olhares presentes na Janela da alma_ um filme sobre o olhar de João Jardim? Talvez o subtítulo ao mesmo tempo oculte e responda essa indagação. Nos deparamos com os diversos depoimentos sobre o olhar e suas limitações físicas, tornamo-nos sujeitos interativos do processo de questionamento da relação direta entre o olhar e o objeto. Ao utilizar como predominante a modalidade interativa (dentro do quadro formulado por Bill Nichols), Jardim seleciona os depoimentos de forma a refletir sobre o uso das imagens como mediações entre o subjetivo e o “real”. O olhar humano é metáfora da intervenção, podemos escolher a forma de como olhar para o real ou quando não temos essa escolha, a própria limitação irá criar outras estratégias de construção do real.

Interessante observar que depoimentos como de Win Wenders, com sua visão particular a respeito do olhar, conotam a perspectiva, seleção de imagens e até mesmo seu enquadramento pela retina. Wenders relata que ao experimentar pela primeira vez lentes de contato, sentiu-se desconfortável, pois percebeu que precisava do enquadramento proporcionado pela armação dos óculos. Aqui torna-se nítido o sentido conotativo do olhar, Wenders reflete sobre o tratamento estético e seleção da imagem através da ação de seu criador/realizador. A armação dos óculos configura significado especial sobre esse fato curioso na vida do cineasta alemão: Wenders estaria nos sugerindo que não existe imagem sem a necessidade de formatação, a moldura dos olhos conota o enquadramento da tela do cinema e do próprio registro de imagens captadas pela câmera.

Outro depoimento, talvez dos mais marcantes do documentário, também extremamente conotativo, é dado pelo fotógrafo cego esloveno Egven Bavcar que questiona a perda da capacidade de saber olhar que vem acontecendo às gerações atuais. Paradoxalmente é o fotógrafo cego que procura captar a “desnaturalização” do discurso imagético. Dessa forma, chega próximo ao que Barthes chama “sentido obtuso” da imagem: “aquele que é velado, e que, ao contrário do óbvio, nos impõe uma leitura para além do referencial, caracterizando seu processo de construção de significado”.

Ao longo do documentário são elaboradas imagens desfocadas à semelhança de olhos míopes que buscam captar a sua própria realidade. É o caminho trilhado no plano da expressão para a “desnaturalização” da imagem. Procedimento a partir do desmonte do discurso que sustenta o “real”, caminhando para a pura abstração na seqüência das luzes noturnas das grandes cidades desfocadas e poéticas, num esforço de singularização.

O alvo dos olhares da Janela da alma é propor a múltipla leitura do discurso imagético, para além da denotação, submetendo-nos ao olhar convergente que extrapola o mero referencial. Nesse sentido, como documentário, Janela da alma vai de encontro ao conceito de Grierson, um dos precursores do gênero que definia esse tipo de filme como “de tratamento criativo da atualidade”. Nada mais contemporâneo, portanto, que a discussão do olhar, seleção e manipulação dos significantes dentro do universo audiovisual.

*Sidênia Freire é Mestranda em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da USP, e realiza pesquisa na recuperação da Memória do Teleteatro Brasileiro

Data de Publicação: 05/08/2002.

http://www.mnemocine.com.br/cinema/historiatextos/040802critica_janela.htm

Marcos Vieira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcos Vieira disse...

Amanda Ávila.
Espero que repasse essas informações aos seus colegas de sala de aula,pois esse intercâmbio será fundamental para o sucesso da nossa disciplina.
Marcos Vieira

Wilton Matos disse...

Olá! Muito boa a proposta do site. Começou com grandes fotógrafos do mundo. Que tal fazer uma matéria com os pequenos fotógrafos artesanais da Boa Vista? www.vistaboaemboavista.blogspot.com
Abraços!!

Adriana Magalhães disse...

Belas escolhas! O que te motivou a selecionair tais fotos?
A segunda composição é perfeita, Sebastião Salgado conseguiu clicar no momento perfeito e imortalizar a cena.